Essa é uma crônica quase-não-fictícia que aconteceu com meu amigo e chama-se
“O quase acontecimento de uma tarde de sexta-feira dentro de um transporte público ruim”
Ou
“Um ponto a menos pra sexta-feira”
Tem coisa melhor do que começar o final de semana em um ônibus municipal? Provavelmente sim. Mas, algumas pessoas devem pegar esse transporte público para voltar para casa e, somente depois, começar civilizadamente seu fim de semana.
Vamos à crônica:
Era uma vez uma microrregião do ABC paulista, onde vivia um menino muito legal chamado *não vou colocar o nome, porque não tenho dinheiro para pagar direitos autorais* fulano! Fulano sempre voltava para casa de ônibus, na sexta-feira... E semana passada NÃO foi diferente, para sua infelicidade.
Estava o energúmeno no ponto, ouvindo um MJ, quando ele começa a reparar nas pessoas que estão dividindo o mesmo lugar que ele:
- Um velhinho tarado
- Um cara carregando uma mochila do tamanho de uma jamanta com cara de tipo: “Sou aventureiro, vou pegar um ônibus para Salto de Pirapora, hoho!
- Uma adolescente mascando chiclete que nem a lhama do comercial
- Uma mulher exausta, lendo um livrinho já carcomido por traças
- Um mendigo falando com o cartaz no fundo do ponto
No geral, uma galera bem normal.
O ônibus chega, a adolescente-lhama sobe, o cara aventureiro sobe e a mulher exausta sobe, além, é claro, do nosso querido fulano.
O velhinho, que havia sossegado assim que a adolescente entrou no ônibus, e o mendigo, que continuava indagando a ilustração de um cara azul se este havia tomado sol demais e ficado desse jeito, não subiram no ônibus.
Na fila do cobrador todo mundo pagou direitinho a sua passagem, menos a adolescente-lhama que, distraída, pegou seu absorvente em vez do seu dinheiro e entregou para o cobrador, que o aceitou como pagamento. Fulano, depois de pagar com seu cartão bom maroto, olhou assustado para o cobrador que disse:
-Que é? É pra minha mulher, sabe como é, a inflação...
Não, Fulano não sabia.
A célebre lei da física feita por Newton que diz: “Dois corpos não ocupam o mesmo lugar em um espaço”, com certeza não se aplica aos ônibus brasileiros, que estão sempre abarrotados de gente, de calor e de cecê, ainda mais em um ônibus sanfonado.
Fulano sentou perto de uma porta, mais ou menos próxima, para evitar o congestionamento de pessoas no ônibus que teria de enfrentar quando chegasse seu ponto, menino esperto han!
Logo que sentou em seu lugar estratégico, o motorista avisou que o sinal estava quebrado e que era para gritar quando chegasse o ponto!
Nosso querido Fulano se levantou, com intuito de atravessar aquele formigueiro humano até a janela do motorista e avisar que dali a ALGUNS pontos ele iria descer, ENTRETANTO, um homem, talvez por ser altruísta demais, começou a bater na carcaça do ônibus, pensando que Fulano queria descer imediatamente, e gritou:
-Ele quer descer, ele quer descer !
Contagiados pela tentativa de ajuda do homem, e pela aquela massa de pessoas fétidas compartilhando o mesmo espaço e “energia”, um povo recluso começou a gritar junto:
-Ele quer descer, ele quer DESCEEEEEEEEER!
E era um batuque só, tava até pra tirar um sambinha...
Acabou-se que, Fulano conseguiu contatar o motorista, que até lá NÃO TINHA OUVIDO a baderna em seu ônibus , e descer um ponto antes do esperado, sem antes, claro, agradecer ao companheiros de grito, todos boa gente e trabalhadores.
Fulano chegou em casa, estressado, e ainda sua mãe riu da sua cara e da situação...
Essa foi uma crônica, ou quase, lembrando que é uma ADAPTAÇÃO da situação vivida pelo meu amigão, com o qual eu já pessei grandes momentos junto ! UHUL
#Fui