domingo, 24 de fevereiro de 2013

Yoani Sánchez: um troféu e um alvo.


Olá leitores fantasmagóricos.

Hoje vou me aventurar em mais um post cujo tema tem forte relação com a política (nacional e internacional).

Vou confessar que não me atraio por política, pois é bem visível que essa ciência maravilhosa é destruída a cada dia por políticos brasileiros e por seus esquemas de corrupção, dossiês e promessas não cumpridas.
Tenho perdido cada vez mais a fé na política brasileira e posso dizer que não sou favorável a nenhum partido, sou favorável a uma justiça ágil e eficiente.

Mas minha posição política não vem ao caso, hoje eu quero compartilhar a repercussão da visita ao Brasil de Yoani Sánchez, blogueira e jornalista cubana.







Quem acompanha os jornais e revistas, de modo superficial, sabe quem é Yoani Sánchez e o que ela faz: A jornalista é detentora de um blog que condena a ditadura cubana e a falta de liberdade de expressão no país.
Porém, quando o assunto é pesquisado mais profundamente, surgem diversas especulações e teorias como as que apresentarei a seguir:
Yoani já foi acusada de ser uma marionete do governo americano já que ela manteria estreita relação com a diplomacia estadunidense em Cuba, como afirmam alguns,
Yoani também seria financiada pela Sociedade Interamericana de Imprensa e estaria ganhando 6 mil dólares por mês ao prestar “serviços” em seu blog para os Estados Unidos, dentre outras.
Ou seja, Yoani é taxada por muitos como uma oportunista e capitalista de carteirinha.

Sua visita ao Brasil foi bastante conturbada, diversas manifestações impediram-na de falar um pouco mais sobre seu ofício e sobre a vida em seu país às plateias brasileiras.
Mas o que não foi impedido, de fato, foram as diversas atitudes dos direitistas e esquerdistas brasileiros que se mostraram, no mínimo, incoerentes.

Políticos direitistas, como Jair Bolsonaro, homofóbico e ex-militar, ovacionava Yaoni, exibindo-a como um troféu da oposição. Algo totalmente abstruso, visto que Yaoni é uma defensora dos direitos humanos e Bolsonaro já chegou a defender a ditadura militar e as torturas que aconteciam durante o período. É uma ironia uma blogueira que, aparentemente, defende a liberdade de expressão, ser recepcionada por políticos favoráveis à ditadura e à censura dos meios de comunicação.

A atitude incoerente de esquerdistas se revelou através de manifestações pró-regime cubano.
Como é possível uma democracia, como a brasileira, ser usada para defender uma ditadura, como a cubana?
Porque, convenhamos, a pessoa que imagina Cuba como um paraíso, onde o socialismo cumpre seu papel em todos os setores da sociedade, deve parar de ler revistas de turismo e abrir um pouco a cabeça.
Pessoas passam fome em Cuba, há falta de remédios, roupas e o simples ato de pensar é condenado pelo governo.
Governo este que atribui qualquer problema ao embargo econômico que sofre dos Estados Unidos, que é sim ineficaz, mas não é a fonte de todos os males de Cuba.

Se Yaoni é de fato uma marionete dos EUA, se ela recebe salários para atacar o regime cubano, ou pior, mesmo se ela não souber da onde vem o investimento em suas ações, em uma atitude um pouco infantil e positivista, eu me focarei apenas na atividade que ela exerce: A luta pela liberdade de expressão. Eu simpatizo com Yaoni, pois simpatizo com suas ideias.
Queria saber de vocês, leitores fantasmas, o que vocês acham de Yaoni e de tudo que a envolve.

Primeiro post que eu peço a opinião de vocês, então CONTRIBUAM.
Obrigada, hehe.

Dica: Yoani Sánchez estará no Roda Viva, programa da Tv Cultura, nessa segunda-feira às 22:00. Assistam!


Fui-me





Revista Veja

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Crítica Cultural #1: Amor


Sentimento claustrofóbico
Com a presença forte de simbologias e verossimilhanças, o filme “Amor” é o preferido da crítica e forte candidato ao Oscar 2013.







Ao ler sinopses dizendo que o único cenário do filme é um apartamento e que seus protagonistas são um casal de idosos, “Amor” pode não soar muito convidativo, porém, é preciso deixar os pré-julgamentos de lado e conferir essa obra-prima do diretor austríaco Michael Haneke.

A trama se passa em um apartamento charmoso, digno de seus donos, Georges (Jean-Louis Trintignant, 81) e Anne (Emmanuelle Riva, 85), claros apreciadores das artes e música.
Porém, a vida consideravelmente ativa do casal sofre um baque quando Anne tem um derrame.
A partir daí, o amor dos dois começa a ser testado: Anne começa a perder a habilidades como a fala, a capacidade de andar e de se alimentar, perdas essas que acabarão resultando em um desgaste amoroso muito grande para o casal e uma curiosa reflexão sobre a espera da morte para o espectador.

A frase de François Chateubriand “Outrora, a velhice era uma dignidade; hoje, ela é um peso.” Reflete com precisão o que a “melhor idade” se tornou atualmente e o que o filme consegue transmitir muito bem.

Enquanto alguns idosos são freqüentadores assíduos de hospitais e casas de repouso, Anne se recusou a se instalar em um hospital quando sua doença se agravou, deixando toda a responsabilidade nos ombros de Georges que, exausto, contrata duas enfermeiras.
Durante o filme, o casal tenta achar um equilíbrio entre sua dignidade e o “fardo” que Anne considera ser para Georges e sua filha Eva (Isabella Huppert).

O filme se encaminha para um fim inevitável, mas que ainda provoca uma angústia a mais no telespectador, visto que esse filme não é de todo ficcional e ainda reflete a realidade de diversos idosos e suas famílias.

“Amor” mostra que cinema não é só diversão e envolve um sentimento poderoso que, por mais “piegas” que possa parecer, consegue transpor limites e emocionar a todos.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Fantasmas - Parte II


Sonhei e lembro-me vagamente com o quê.
Só sei que caminhava, me sentindo muito leve, até que dei de cara com um estabelecimento, talvez uma loja, com uma placa que dizia "VASNI".

Ao longe, ouço:
"Gente, dá licença, dá licença! Deixa ela sentar!"
Semi-cerrei os olhos e percebi que estava sentada, cercada de olhares femininos e zelosos.
"Qual o seu ponto?" Alguém perguntou.
"Trianon..." Balbuciei.
Finalmente, consigui abrir os olhos inteiramente e percebi que as moças ainda olhavam pra mim.
"Não é melhor você descer no Ana Rosa pra alguém te atender?" Disse uma
"Não, acho que no Ana Rosa não tem atendimento" Disse outra
Meu cérebro ignorou tais conselhos e de minha boca apenas sairam sussuros em negação
Silêncio...
"Eu... Eu desmaiei?"
"Sim, e o seu inconsciente é tão forte que você continuou pendurada na barra"  Disse uma senhora de meia-idade de cabelos longos e pretos.

Inconsciente forte, corpo fraco. Típico.

"Desculpa... Eu... Eu não comi"
Vários "imagina" foram ditos ao mesmo tempo pelas mulheres.
Sentia calor e uma mulher percebeu.
"Toma, prende o cabelo com isso, tira seu casaco".
Aceitei a presilha mas não a usei, ainda um pouco tonta, não conseguia raciocinar direito.
"Obrigada..."
"Tá melhor?"
"Sim, sim..."
"Vai conseguir andar sozinha?"
"Vou, obrigada..."
Naquele momento minha consciência resolveu colaborar.
Percebi que quatro mulheres me ajudaram: a senhora de cabelos pretos, uma moça de óculos que lia um livro em cuja capa estavam sushis ilustrados, outra moça com os cabelos puxados pra trás, que percebi que dormia quando entrei no metrô e que me cedeu seu  lugar e uma mulher de meia-idade, parecia grávida, que estava sentada no assento especial e quando olhei para ela, ela sorriu.
Ou não, não me recordo direito.

Estação Paraíso
A mulher de cabelos longos e pretos desceu, me despedi com um sorriso.

Estação Brigadeiro
A mulher de óculos desceu, mas antes me desejou melhoras, agradeci.

Estação Trianon
Levantei-me e agradeci à mulher com os cabelos puxados para trás, ela respondeu com um "De nada, imagina".

Desci do trem e fui em direção a escada rolante, meu dia nunca havia começado tão mal assim.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Conto: Fantasmas - Parte I

Olá! 
Ao contrário do que vocês estão pensando, leitores fantasmas, o conto a seguir não é uma homenagem a vocês! É apenas um conto que terá mais duas ou três partes, dependendo do meu humor, imaginação e tempo.
Mas enfim, lá vai.



Achei um cantinho no metrô enquanto meu estômago vazio revirava o nada.
"Tome café lá"  Disse a voz autoritária invisível, aquela pousada no ombro esquerdo, com cornos na cabeça, assim que pulei da cama
"Tenho estômago forte" Incrementei em meus pensamentos

Pulo pra dentro do metrô e sinto pontadas no estômago
Ignoro por alguns momentos, mas elas continuam, agora com maior intensidade.
Me segurava, em pé, na barra de ferro quando comecei a suar frio
"Aqui não, aqui não! Não posso vomitar logo aqui"
O metrô não parava de chacoalhar.
E vomitar o quê, afinal? Minha tristeza, minha angústia? Pois era só isso que tomava lugar no meu estômago naquele momento.
O mal-estar não passava
"Acho que vou descer e ir ao banheiro vomitar, então"
Meus dentes começaram a bater incansavelmente

Bati o olho no reflexo da janela do vagão, eu parecia um fantasma.
Translúcida, sem expressão.
"É a pressão" Pensei desesperada "Desmaiar? Nunca desmaiei! Não será aqui... Ai, droga! Não feche os olhos,  não feche os..."
Meu organismo tapou meus ouvidos, senti uma gota de suor escorrer pelo meu rosto, minhas pernas bambearam e a visão escureceu. A última coisa que li foi "Chácara Klabin"
A estação fantasma, ri dentro de mim, quanta ironia...
Perdi os sentidos.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Um mau começo


Um novo ano começa e traz consigo, logo de início, uma tragédia.
Tragédia esta que dá origem a manchetes indignadas, protestos por todo o país e lágrimas de amigos e familiares.
Meu parecer inicial sobre o que houve em Santa Maria, RS, pode parecer insensível, mas posso assegurar que em menos de dois meses, o incêndio da boate Kiss será esquecido pelos brasileiros alheios à tragédia.

Nada confortará os amigos e famílias das vítimas, talvez nem o tempo, porém, a maioria daquelas pessoas que hoje digitam “LUTO” em todas as redes sociais existentes, que postam comentários criticando a falta de segurança das boates pelo Brasil, seguirá, no próximo fim de semana, para um clube noturno e não verificará se o lugar possui saídas de emergência ou extintores de incêndio disponíveis.

É o clássico pensamento: Aconteceu uma “fatalidade” / Que Deus conforte essas famílias/ Ainda bem que isso nunca acontecerá comigo.

Parece que essa última frase causa um bloqueio em nossos pensamentos, e “bloqueio” não corresponde, necessariamente, à “irresponsabilidade”, este pode ser considerado uma crença enorme em um destino livre de imprevistos perigosos, pensamento altamente arriscado.

Algumas providências já começaram a ser tomadas em alguns lugares do Brasil em relação a alvarás, regras de incêndio e fiscalização de boates, mas tais medidas não tiram o sentimento de desconfiança de parte dos brasileiros.
Mas e a outra parte dos brasileiros?
Esta esquecerá o que essa tragédia, apesar de seu caráter macabro, pode nos ensinar.
Esta parte esquecerá essa tragédia como esqueceu esta, esta e tantas outras que já ocorreram no nosso país.

E que fique dito, o incêndio na boate Kiss está longe de ser uma “fatalidade”, o que realmente aconteceu foi uma sucessão de erros, de irresponsabilidades, faltas de estrutura e de fiscalização que agora assombram nosso país.

Mais uma indignação para nossa lista.

Só desejo força a todos os envolvidos direta ou indiretamente na tragédia em Santa Maria.