Um novo ano começa e traz consigo, logo de início, uma tragédia.
Tragédia esta que dá origem a manchetes indignadas,
protestos por todo o país e lágrimas de amigos e familiares.
Meu parecer inicial sobre o que houve em Santa Maria, RS, pode
parecer insensível, mas posso assegurar que em menos de dois meses, o incêndio
da boate Kiss será esquecido pelos brasileiros alheios à tragédia.
Nada confortará os amigos e famílias das vítimas, talvez nem
o tempo, porém, a maioria daquelas pessoas que hoje digitam “LUTO” em todas as
redes sociais existentes, que postam comentários criticando a falta de
segurança das boates pelo Brasil, seguirá, no próximo fim de semana, para um
clube noturno e não verificará se o lugar possui saídas de emergência ou
extintores de incêndio disponíveis.
É o clássico pensamento: Aconteceu uma “fatalidade” / Que
Deus conforte essas famílias/ Ainda bem que isso nunca acontecerá comigo.
Parece que essa última frase causa um bloqueio em nossos
pensamentos, e “bloqueio” não corresponde, necessariamente, à “irresponsabilidade”,
este pode ser considerado uma crença enorme em um destino livre de imprevistos
perigosos, pensamento altamente arriscado.
Algumas providências já começaram a ser tomadas em alguns lugares do Brasil em relação a alvarás, regras
de incêndio e fiscalização de boates, mas tais medidas não tiram o sentimento
de desconfiança de parte dos brasileiros.
Mas e a outra parte dos brasileiros?
Esta esquecerá o que essa tragédia, apesar de seu caráter macabro,
pode nos ensinar.
Esta parte esquecerá essa tragédia como esqueceu esta, esta e tantas outras que já ocorreram no nosso país.
E que fique dito, o incêndio na boate Kiss está longe de ser
uma “fatalidade”, o que realmente aconteceu foi uma sucessão de erros, de
irresponsabilidades, faltas de estrutura e de fiscalização que agora assombram
nosso país.
Mais uma indignação para nossa lista.
Só desejo força a todos os envolvidos direta ou
indiretamente na tragédia em Santa Maria.
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