terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Crítica Cultural #1: Amor


Sentimento claustrofóbico
Com a presença forte de simbologias e verossimilhanças, o filme “Amor” é o preferido da crítica e forte candidato ao Oscar 2013.







Ao ler sinopses dizendo que o único cenário do filme é um apartamento e que seus protagonistas são um casal de idosos, “Amor” pode não soar muito convidativo, porém, é preciso deixar os pré-julgamentos de lado e conferir essa obra-prima do diretor austríaco Michael Haneke.

A trama se passa em um apartamento charmoso, digno de seus donos, Georges (Jean-Louis Trintignant, 81) e Anne (Emmanuelle Riva, 85), claros apreciadores das artes e música.
Porém, a vida consideravelmente ativa do casal sofre um baque quando Anne tem um derrame.
A partir daí, o amor dos dois começa a ser testado: Anne começa a perder a habilidades como a fala, a capacidade de andar e de se alimentar, perdas essas que acabarão resultando em um desgaste amoroso muito grande para o casal e uma curiosa reflexão sobre a espera da morte para o espectador.

A frase de François Chateubriand “Outrora, a velhice era uma dignidade; hoje, ela é um peso.” Reflete com precisão o que a “melhor idade” se tornou atualmente e o que o filme consegue transmitir muito bem.

Enquanto alguns idosos são freqüentadores assíduos de hospitais e casas de repouso, Anne se recusou a se instalar em um hospital quando sua doença se agravou, deixando toda a responsabilidade nos ombros de Georges que, exausto, contrata duas enfermeiras.
Durante o filme, o casal tenta achar um equilíbrio entre sua dignidade e o “fardo” que Anne considera ser para Georges e sua filha Eva (Isabella Huppert).

O filme se encaminha para um fim inevitável, mas que ainda provoca uma angústia a mais no telespectador, visto que esse filme não é de todo ficcional e ainda reflete a realidade de diversos idosos e suas famílias.

“Amor” mostra que cinema não é só diversão e envolve um sentimento poderoso que, por mais “piegas” que possa parecer, consegue transpor limites e emocionar a todos.

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